A química do amor
- Daiana Bitencourt

- 24 de abr. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 4 de mai. de 2019
O encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias químicas: se houver alguma reação, ambas se transformam.” -CG Jung-

E se você me perguntar por que eu te amo, é isso o que eu te diria:
“... explicar o que sentimos por uma pessoa especial e por que nos apaixonamos sob os termos estritos da química do amor é subtrair a magia do assunto.” Albert Einstein
O amor ou o estado romântico é algo filosófico onde poetas e escritores idealizam um sentimento. Porém, como uma amante da matemática, irei explicar a paixão a partir de um ponto de vista biológico, que nos fornecem dados mais precisos, objetivos e reais.
“Dopamina +
Norepinefrina+
serotonina…
podemos dizer que somos uma oficina de neurotransmissores naturais quando nos apaixonamos.”
Dopamina: conhecem aquela frase: não há química? Pois, bem, nesta frase não há nenhum erro. Podemos ter diante de nós uma pessoa extremamente atraente e, no entanto, não haver conexão. A dopamina, neurotransmissor cerebral, também chamada de hormônio do prazer, é uma substância química relacionada essencialmente com o prazer. Há pessoas, por exemplo, que nos geram um bem-estar e uma atração desvairada por estar associado a um sistema de recompensa muito poderoso. É a dopamina que nos obriga a focar 100% dos nossos pensamentos a ponto de ficarmos obcecados naquela pessoa específica.
Noradrenalina: Sabemos que uma pessoa nos atrai porque produz uma montanha russa de sensações caóticas, intensas, contraditórias e às vezes até incontroláveis. Em resposta ao estresse, o organismo libera a noradrenalina e a adrenalina. Os dois hormônios desencadeiam uma série de reações por todo o corpo como: respiração mais rápida; aumento das pupilas e aceleração dos batimentos cardíacos. A noradrenalina quando produzida em grandes quantidades, proporciona sensação de bem-estar, porém em pequenas quantidades, relaciona-se com o surgimento de sintomas como a depressão.
Feniletilamina: Quando estamos apaixonados, esse composto orgânico nos domina completamente. Também conhecida como "hormônio da paixão", é um neurotransmissor cuja molécula se parece muito com as anfetaminas. Suspeita-se que sua produção no cérebro possa ser desencadeada por eventos simples como uma troca de olhares ou um aperto de mãos. Com a feniletilamina tudo se torna mais intenso. É ela quem intensifica a ação da dopamina e da serotonina. Ela quem constitui a autêntica química do amor para fazer nos sentirmos felizes, realizados e incrivelmente motivados.
Oxitocina: esse hormônio produzido pelo hipotálamo é a essência química do amor. Poucas palavras representam algo tão intenso, puro e mágico e, ao mesmo tempo, biológico e emocional como a oxitocina. Quando falamos em Oxitocina, já não falamos da mera atração, falamos de laços afetivos. Conhecido como hormônio do amor, os níveis de oxitocina dobram quando nos apaixonamos. Se você já viveu uma relação afetiva baseada na dependência, na paixão que confunde identidades e prioridades, como se nos tornássemos dependentes de um amor que dói, mas do qual não podemos nos libertar, deve saber que estava sob os efeitos mais obscuros da oxitocina. No entanto, se utilizá-la na dose certa, muitos pacientes poderiam se beneficiar dessa motivação, principalmente nos casos de depressão. Assim, conclui-se que o amor pode ser uma autêntica frustração química que não tem nada de poético, podendo ser também uma droga muito potente quando em doses certas.
Serotonina: Assim como a endorfina e a dopamina, a serotonina tem muita relação com o sentimento de felicidade e de prazer. Atualmente, a serotonina está intimamente relacionada aos transtornos do humor ou aos transtornos afetivos, A serotonina influencia sobre quase todas as funções cerebrais.
Sendo um neurotransmissor, ela atua no cérebro e em outros sistemas do corpo. São os níveis de serotonina que determinam se a pessoa está deprimida, propensa à violência, irritada, impulsiva ou gulosa. A serotonina adquire maior relevância no relacionamento, quando percebemos que estar ao lado de uma pessoa em particular é experimentar uma felicidade mais intensa. No entanto, ao notarmos o afastamento da pessoa amada, os níveis de serotonina podem cair, aproximando-nos de um estado de desamparo e angústia muito intensos, onde podem aparecer transtornos.
O transtorno afetivo mais típico é a Depressão, sendo vários os fatores que contribuem para sua causa. Entre eles destaca-se cada vez mais a importância da bioquímica cerebral. Para se ter uma noção da influência bioquímica sobre o estado afetivo das pessoas, basta lembrar dos efeitos da cocaína, por exemplo. Trata-se de um produto químico atuando sobre o cérebro e capaz de produzir grande sensação de alegria, ou seja, proporciona um estado emocional através de uma alteração química.
Neste sentido, conclui-se que, aceitando ou não, a química do amor define nossos comportamentos e, explicar essa emoção pela química talvez não seja tão sedutor, mas é o que todos nós somos: uma fabulosa estrutura de células, reações elétricas e impulsos nervosos capazes de nos oferecer a mais requintada felicidade.




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